Como pode-se determinar que será efêmero?
Apaixonamos-nos acreditando no utópico eterno.
Curiosa é a consciência da finitude mortal,
Mas perpetua-se a fé na imortalidade do amor ideal.
Quando inevitavelmente esse encontra seu término,
Por motivos aqui e acolá, inviáveis de se calcular,
A sensação é de uma morte lenta e agoniante,
Como se nós próprios aqueles que chegaram ao fim.
Grato sou por nem toda dor sentimental ser fatal.
Ao escalarmos a cova de nosso próprio funeral,
Após cambalearmos pelas margens do Rio Estige,
Topamos com um nunca visto antes mundo a habitar,
Visto apenas por conta de nosso renascimento das cinzas.
Seguimos, sem faltar um dia, com o peso da falta que faz
A peça que perdemos na caminhada, a tal tempo atrás.
Nos acostumamos com o pesar e nos superamos a cada pisar,
Alegrando-se com o humor que volta junto do andar.
O que sobra é a saudade dos felizes momentos,
Os quais daríamos todo firmamento para voltar à data do evento,
Ao menos pelo tempo de uma vaga reconciliação.
E por sabermos que não os teremos, o que sucede é a gratidão.
Gratidão por ter encontrado alguém que um dia já foi tudo,
Gratidão por ter deixado-se permitir que tornasse-se tudo.
Gratidão por experimentar o que nunca soube que poderia sentir.
Gratidão por aprender no que vale se apegar e no que esquecer.
Gratidão pelas boas memórias deixadas no coração.
Por isso, minha sincera gratidão.